Dom,09 De Agosto De 2015 |
Apenas no mês de julho, 239 candidatos foram reprovados nos testes práticos realizados pelo Detran-PE, por não respeitar a distância mínima de 1,5 metro entre carros e bicicletas. O balanço chama a atenção para um problema que acontece diariamente nas ruas, implicando em riscos e vários acidentes. Embora prevista no Código de Trânsito Brasileiro, desde 1998, a falta de fiscalização acaba deixando a norma sem efeito. Até hoje não há levantamento preciso no Estado sobre a aplicação de multas para este tipo de infração.
No Recife, a própria CTTU reconhece as dificuldades para a identificação dos motoristas e a consequente penalidade. Para especialistas, vale a receita da conscientização. Na última semana, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) divulgou a portaria 100/2015 que regulamenta o uso de radares eletrônicos para flagrar o trânsito de veículos em ciclovias e ciclofaixas. Contudo, o processo ainda não tem data para se tornar realidade nos municípios. “Como cidadão parece fácil, mas para a autoridade de trânsito é preciso mais embasamento. Não existe método exato para essa medição, feita ainda em movimento. Os autos até são lavrados, mas as contestações são recorrentes”, explica a presidente da CTTU, Taciana Ferreira. Segundo ela, um trabalho prévio de educação é bem mais efetivo. “Temos um módulo de capacitação voltado ao tráfego de bicicletas, além das campanhas feitas durante todo o ano”, reforça.
O boneco acoplado para simular a presença do ciclista foi instalado no pátio de provas do Detran no mês de abril, começando a valer em 1º de julho. A partir de então, 5.686 pessoas se submeteram aos exames, na pretensão de obter a CNH na categoria B. Caso estivessem em vias públicas, os motoristas que ultrapassaram a distancia regulamentar seriam multados em R$ 85,13 e ainda quatro pontos na carteira. “A cultura ainda predominante diz que os mais fortes devem prevalecer sobre os mais fracos. Existe uma inversão. Os candidatos reprovados, apesar de ainda não estarem ao volante nas ruas, já traziam no imaginário a visão errada de quem é mais importante. Falta ação do poder público, mas também conscientização”, aponta o coordenador da Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo), Cesar Martins.
Para os apaixonados por duas rodas, o perigo é um companheiro diário. Além da colisão, o susto de um carro passando próximo ou muito rápido, ou até o seu deslocamento de ar quando em alta velocidade, podem levá-los ao chão em segundos. “Qualquer vacilo, eles passam por cima. Com mais carros nas ruas, a situação vem piorando”, diz o pedreiro Claudionor Carneiro, de 47 anos, enquanto segue pela movimentada avenida Norte. Ele costuma fazer o trajeto de cerca de 15km até o bairro de Boa Viagem, onde trabalha. Passando para a avenida Beberibe, no Arruda, a servidora pública Maria Lúcia Cordeiro fala de mudanças. “Depois que conheci a bicicleta, passei a olhar os ciclistas de forma diferente. No trânsito todos merecem respeito”, revela.
Para o presidente do Detran- PE, Charles Ribeiro, os Centros de Formação de Condutores (CFC’s) têm uma parcela de culpa. “Fizemos uma notificação aos sindicatos cobrando mais atenção no conteúdo programático repassado aos alunos. São 25 horas de aulas práticas e a bicicleta tem que estar em pauta. Os instrutores receberam uma vasta capacitação e vamos cobrar por resultados”, advertiu. Outro artigo em defesa da segurança de ciclistas e motoristas é o 269. O texto considera infração dirigir sem atenção ou sem os cuidados indispensáveis à segurança, como, por exemplo, ultrapassar os ciclistas de forma perigosa. Neste caso, a infração é leve, com multa de R$ 53,20 e três pontos na CNH.
Fonte:Darcio Rabelo